Saída para crise é a economia de baixo carbono, diz Observatório do Clima.
Líderes de mais de 190 países começam a discutir amanhã (30), em Paris, um novo acordo climático global para limitar o aumento da temperatura da Terra a 2 graus Celsius (ºC) até 2100Líderes de mais de 190 países começam a discutir amanhã (30), em Paris, um novo acordo climático global para limitar o aumento da temperatura da Terra a 2 graus Celsius (ºC) até 2100, em relação aos níveis pré-Revolução Industrial. Além de prevenir catástrofes naturais, uma economia de baixo carbono, que minimize as emissões de gases de efeito estufa, pode ser a saída para a crise econômica no Brasil, informou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl.
“Podemos dizer que a saída do vermelho da crise econômica está no verde da energia limpa, da eliminação do desmatamento, da Agricultura de Baixa emissão de Carbono (ABC), de uma produção industrial mais eficiente e competitiva e de uma combinação das políticas de clima e das políticas fiscal, tributaria, energética, agrícola e de resíduos sólidos. A combinação de várias políticas é fundamental.”
Segundo Carlos Ritti, o olhar estratégico nas mudanças do clima é fator crítico para se pensar em planos de investimento e no desenvolvimento do país nos próximos anos. “Estudos à disposição do governo brasileiro indicam que temos capacidade de redução de emissões a baixo custo, inclusive com opções a custo negativo, ou seja, você implementa ações para reduzir emissões e aumenta eficiência de determinados setores, com ganhos econômicos.”
Os setores produtivo e empresarial do Brasil também estarão representados na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21), que segue até o dia 11 de dezembro, em Paris. De acordo com o secretário, eles querem trabalhar para que o Brasil tenha um desenvolvimento mais sustentável.
Presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cbdes), Marina Grossi disse que o mundo empresarial sabe que o caminho é de uma economia de baixo carbono e que ele está respondendo com novos produtos e serviços.
“Sabemos que só se trabalha com sustentabilidade, que as empresas que sobreviverão são aquelas inseridas nesse novo raciocínio. Apesar de não estarmos tão preparados, temos de pensar o tempo todo nessas três variáveis, não só do retorno financeiro, mas do retorno do capital ambiental e do capital social”, afirmou Marina.
Uma das bandeiras do setor empresarial é a precificação do carbono. Para Marina Grossi, o valor da tonelada de carbono varia hoje de US$ 1 a US$ 380, uma margem muito grande que inibe os negócios.
“Qual é o preço que devemos colocar nesse ativo? Quando temos um preço irrisório, isso estimula a emissão de carbono. O novo acordo precisa dar um horizonte com maior previsibilidade, de modo que o empresário possa arriscar sabendo que não vai levar um tombo lá na frente. Se estamos falando que a economia de baixo carbono será uma realidade, é importante a sinalização do governo nesse sentido, porque ele cria um ambiente propício onde as empresas podem arriscar”, disse a presidente do Cbdes.
Para o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Shelley Carneiro, é preciso também discutir a questão do financiamento empresarial e de onde virão os recursos para investimentos em tecnologia e inovação. “O pós-COP 21 será mais importante. Como transformar o acordo em ações que o setor empresarial possa ajudar e possa se incorporara às necessidades que o mundo está nos colocando. Isso será uma longa discussão e espero que seja bastante democrática no Brasil.”
Conforme Carneiro, é preciso muito diálogo, tempo, recursos financeiros e treinamento para que as pessoas estejam aptas para as mudanças. “Temos muitas riquezas que podem ser preservadas, mas não podem ser através de modificações rápidas e de ideologias que não levam a nada. Precisamos caminhar com a tecnologia e com o conhecimento. O setor empresarial está pronto para isso. Ele está querendo dialogar e mostrar suas dificuldades, mas não para ser criticado sem o mínimo critério.”
Maiores emissores brasileiros
O secretário do Observatório do Clima informou que enfrentar as mudanças climáticas exigirá um esforço coletivo, "mas alguns setores da economia têm uma contribuição muito grande para a questão das emissões". Segundo ele, associando a responsabilidade do agronegócio pelo desmatamento às suas emissões diretas esse é um setor responsável por mais de 60% das emissões do país. “É um setor que temos oportunidade de ganhos de eficiência, ou seja, o produtor ganha mais com uma produção mais eficiente e que gera menos emissões.”
O Plano da Agricultura de Baixa emissão de Carbono (ABC) do Brasil é interessante para Rittl. Entretanto, ele lamenta a redução dos investimentos no Plano Safra deste ano, que é de apenas 1,6% de todo crédito agrícola. “No ano passado era de 3,3%. Já era pouco e agora reduziu ainda mais.”
Para Ritti, o setor de transporte, de cargas e de passageiros, também é responsável por emissões importantes no Brasil. Ele sugere a mudança de modais para o transporte de cargas, como o investimento em ferrovias.
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