Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “ReArte” (Certificado Ministério da Cultura), Museólogo no Museu Rearte (reconhecido pelo IBRAM/Ministério da Cultura), gestor Pontos MIS (Museu da Imagem e do Som/SP), diretor de arte (MTE 0058368/SP), produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTE 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), psicanalista, sociólogo (MTE 0002467/SP), historiador, professor de artes visuais, pós-graduado em Psicanálise, em perícia técnica sobre artes e em Biblioteconomia.

Colunas

A Lição Do Ipê Mirradinho

Um ipê-amarelo 'mirradinho' que nos deu uma lição de vida. Na nova crônica, Henrique Vieira Filho compartilha a história inspiradora de uma árvore que desafiou todas as expectativas. Uma leitura para refletir sobre a força que existe na simplicidade! #Cronica #IpeAmarelo #SerraNegra #Resiliencia #AForçaDaNatureza #PequenasBelezas #ReflexaoDoDia #OVitalNoSerrano

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A Lição Do Ipê Mirradinho
“Ipê Mirradinho” - Fotografia: Henrique Vieira Filho

A gente costuma achar que a força e a beleza só se manifestam em grandiosidade. Mas aqui, na Residência Artística, a vida me deu uma lição sobre a potência do que é discreto e singelo. 

A história tem como protagonista um modesto e jovem ipê-amarelo, que nasceu espontaneamente junto ao nosso jardim aromático. Ele resistiu bravamente aos trabalhadores da construção da residência, em especial, a um dos engenheiros que teimava em pisar com as botas em todas as mudas de plantas que encontrava.

Eis que, recentemente, temi que ele estivesse secando. Apesar de ter passado de 2 metros de altura, continuava superfino, com uns 2 cm de diâmetro, não fazendo jus ao significado em tupi-guarani que dá origem ao seu nome: “casca grossa”!

Além de se chamar ipê, também possui um pomposo nome científico: “Handroanthus”, uma junção de “flor” (anthus) com o sobrenome do botânico brasileiro que o catalogou, Oswaldo Handro. 

Por todo o Circuito das Águas, a gente vê o espetáculo dos ipês grandiosos, em um amarelo que parece fluorescente, e que este ano floresceram até um pouco mais cedo. Segundo os especialistas, sua floração acontece a partir do inverno, época das secas. Afinal, essa é uma das poucas árvores brasileiras que são decíduas, ou seja, que perdem as folhas para diminuir a necessidade de água e reservar energia para a beleza derradeira: suas flores!

As lendas também reforçam essa ideia. Reza o conto que, quando Deus estava criando o mundo, se reuniu com as árvores e lhes perguntou que época do ano elas preferiam florir. Bem, a única corajosa que “topou” fazer isso no frio e na seca foi o nosso ipê, que foi recompensado com essa maravilhosa variedade de cores brilhantes. 

Há até um "causo" envolvendo Dom Pedro I: quando declarou a Independência, os ipês-amarelos se agitaram para criar um “tapete” de flores para ele e sua comitiva passarem.

Enfim, vamos voltar para a história do nosso ipê aqui na Residência Artística: nosso ipê-mirradinho, que parecia frágil, não gastou sua energia em um crescimento apressado, mas a reservou para o que realmente importava: florescer no tempo certo, como a lenda lhe ensinou. 

Ele nos mostra que a beleza e a vitória nem sempre se manifestam de forma estrondosa, mas podem vir em um pequeno gesto, em um brilho discreto. 

É a prova de que, mesmo quando somos pequenos ou passamos por um momento de dificuldade, temos dentro de nós a capacidade de criar algo de valor e significado, plantando a semente da esperança e da beleza para o mundo.

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