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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
Nosso calendário é feito de datas que nos convidam à reflexão — e o Dia Nacional das Artes, celebrado em 12 de agosto, é um desses convites irrecusáveis.
Afinal, a arte é muito mais do que um passatempo ou uma visita ocasional ao museu. Ela é bálsamo e engrenagem. É elo e sustento. É aquilo que nos conecta ao que há de mais essencial em nós mesmos.
Durante o silêncio da pandemia — entre incertezas, medo e isolamento — foi a arte quem nos estendeu a mão. Foi o livro que nos levou para outros mundos, o filme que nos fez rir (ou chorar), a música que acalentou nossos dias, a dança que traduziu em gestos aquilo que as palavras não conseguiam dizer.
Naquele tempo suspenso, a cultura se revelou um verdadeiro porto seguro, o mais eficaz dos remédios contra a solidão. Mais do que nunca, a arte se provou uma poderosa ferramenta de saúde e bem-estar — capaz de curar o espírito e reacender a esperança.
Mas sua importância vai além da alma e do coração. A arte também move engrenagens concretas: é motor da economia, alavanca do turismo, geradora de emprego e renda.
Nesse ponto, o mestre Ariano Suassuna nos oferece um norte luminoso:
“Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.”
E que bom que é assim. Sua defesa apaixonada da arte como missão de vida não exclui, mas complementa, a sua utilidade prática. O lado romântico e o lado pragmático da arte não se opõem — se completam.
A arte é, talvez, o melhor exemplo de que beleza e utilidade podem — e devem — andar de mãos dadas. A cada centavo investido em um festival, uma exposição ou um espetáculo, há retorno financeiro, movimentação da cadeia produtiva, geração de empregos e fortalecimento do comércio local.
Serra Negra, com todo seu potencial turístico, precisa enxergar isso com mais clareza. O turismo de bem-estar e o turismo cultural têm crescido no mundo todo, atraindo visitantes em busca de experiências singulares — e quem oferece cultura, oferece identidade, emoção e memória.
Nesse cenário, o artista é mais que criador: é protagonista. Não é apenas quem pinta, toca, escreve ou dança. É também quem gera movimento, renda, valor e pertencimento. Sua obra — seja uma tela, uma canção, uma peça, um corpo em cena — é um atrativo que enriquece a paisagem e fortalece a identidade local.
Neste 12 de agosto, celebremos o artista em todas as suas formas: o pintor, o músico, o escritor, o dançarino, o ator. Eles são os visionários que nos apontam novos caminhos, os terapeutas da sensibilidade, os empreendedores da beleza.
A arte é a prova viva de que a estética e a prática, o sensível e o concreto, podem coexistir em harmonia. E que bom é saber que temos olhos (e alma) para reconhecê-la!