Para muitos cronistas, a fofoca, ou melhor, os “causos” e histórias de vida, são a seiva que alimenta a escrita!
Nosso querido mestre do saber, Nestor Leme, que o diga! Ele sempre soube garimpar nas mesas de café, entre um gole e outro, a prosa que revela a alma do povo. Eu mesmo, não vou muito longe: minhas fontes borbulham na fila para encher os garrafões de água: ali, a vida se derrama em contos lançados aos quatro ventos, prontos para virar crônica.
E por falar em vento, fofoca e “causos”, você sabia que as plantas, além de conversarem (e muito!) entre si, ainda têm umas que são grandes fofoqueiras e mentirosas? Pois é! Neste ponto, tanto a ciência quanto as lendas concordam plenamente, em uma rara harmonia entre o misticismo e o rigor científico.
Muitos mitos, de variadas culturas, apresentam histórias em que um segredo contado debaixo de árvores com mil folhas miúdas, assim que estas folhinhas chacoalham com o vento, já estão soprando nos ouvidos do mundo todo aquilo que ouviram! Uma verdadeira central de inteligência verde, espalhando confidências sem parar!
Por sua vez, os cientistas provaram que os vegetais se comunicam de diversas formas. Eles lançam sinais químicos ao vento, alertando os colegas sobre a presença de animais vegetarianos – chegam até a mudar o sabor de suas folhas, amargando-as, para desestimular os esfomeados!
E não para por aí: também conversam pela terra, via redes de fungos, verdadeiros cabos telefônicos subterrâneos que espalham as notícias para quem estiver por perto.
E o mais curioso, e que adiciona uma camada de intriga a todo esse universo, é que tem planta enganadora! Algumas usam a mimetização, imitando a aparência de animais ou, até mesmo as outras plantas, para ludibriar bichos herbívoros ou atrair polinizadores.
E não é que, mais recentemente, os estudos científicos também provaram que tem muito vegetal por aí que espalha, além de sementes, também "fake news"?! Sim, você não leu errado!
Elas soltam boatos na “internet das plantas” (“wood wide web”) para ludibriar as vizinhas concorrentes com notícias falsas de perigos iminentes, fazendo com que elas gastem energia em defesas desnecessárias.
Isso as enfraquece, dando uma vantagem competitiva à que mentiu!
Diante de tudo isso, fico “matutando”: foram as plantas que aprenderam a mentir com os humanos ou será que elas é que começaram?
O certo é que, no jardim da vida, a fofoca e a "fake news" brotam com força.
Então, da próxima vez que quiser guardar um segredo, talvez o melhor seja plantar uma muda e ficar... mudo!
