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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
Sempre tive problemas com datas. Lembro das profissionais com precisão cirúrgica e esqueço as pessoais com a inocência de um iniciante. Na verdade, não é bem um esquecimento: é que não percebo o passar do tempo! Como eu trabalho todos os dias, parece que tanto faz ser segunda-feira ou domingo, se é março ou se é dezembro.
E eis que, como de (mal) costume, agendei de participar de um importante Festival de Café, sem me dar conta que a data coincidia com o aniversário de casamento! E olha que, de casamento eu entendo: afinal, este é meu terceiro!
Minha esposa, é claro, ficou “de bode” (gíria do meu tempo para muito aborrecida). E, para não correr o risco de ter um quarto casório na lista de "projetos executados", desmarquei o trabalho. Prioridades, não é?
Mas, não só Freud, como também a etimologia explica muitas coisas que sustentam esse drama conjugal. As palavras, às vezes, carregam um peso histórico que desmotiva qualquer apaixonado:
Tudo isso, no fundo, desmotiva os românticos. Felizmente, algumas palavras têm origens mais otimistas:
Para reforçar os significados positivos, há o termo “bodas”, que em sua origem latina, “votas”, nos traz aos votos de amor eterno. Votos que, por tradição, são renováveis e comemorados ano a ano.
Na era medieval, só se festejava bodas de prata (25 anos) e de ouro (50 anos), pois, afinal, só chegar à velhice já era um milagre. Modernamente, (aposto que foram os marketeiros para poder vender presentes!), os livros de etiqueta passaram a associar cada ano a um material que simboliza a firmeza da relação: Papel, Algodão, Trigo, Flores e Frutas... uma escadaria de resiliência.
No meu momento atual, estou com 11 anos: Bodas de Aço, simbolizando maior resistência e flexibilidade. O material é forte, mas ainda pode ser flexível. Ufa! Ainda bem que consegui liberar a data para celebrar. Porque se eu tivesse ido para o Festival de Café, com o histórico de esquecimento e a etimologia contra mim, o amor da minha vida iria ficar mais do que “de bode”: ela ficaria... “bodaço”!


