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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
O Festival do Café Especial do Circuito das Águas Paulista, em Águas de Lindóia, foi uma celebração de sabores, saberes e, para mim, de encontros surpreendentes.
A minha obra, a Nossa Senhora do Café, foi recebida com entusiasmo pelos expositores e visitantes, que se encantaram com a história por trás da "padroeira" dos cafeicultores. No entanto, a festa era mais abrangente. Além dos amantes do café, havia outros expositores, com suas delícias douradas e macias: mel e queijos!
Eis que, nas conversas, descobri que, assim como o café tem sua santa, o mel e o queijo também têm um padrinho. Na mitologia greco-romana, ele é Aristeu, o guardião das abelhas e, ao mesmo tempo, aquele que ensinou aos homens a arte da apicultura e, acreditem, a fabricação do queijo.
A lenda conta que, em um de seus encontros, Aristeu se encantou com a ninfa Eurídice, esposa de Orfeu. Ao tentar fugir do assédio, a ninfa acabou sendo picada por uma cobra e faleceu.
Para vingar a morte de sua colega, as ninfas, enfurecidas, fizeram todas as abelhas do mundo desaparecerem! Para reverter a tragédia e, de quebra, fazer as pazes com os ofendidos, Aristeu teve que compensar o casal com muitas oferendas.
Vai ver, presenteou-lhes com uma fornada quentinha de pão de queijo mineiro, incrementada com uma geléia de mel! E ainda bem que a compensação deu certo, pois as abelhas logo voltaram à natureza, e, com elas, a doçura e a vida.
Na versão menos poética, a história do queijo é um "causo" que começa por acidente. Na Antiguidade, os homens transportavam leite em cantis, que nada mais eram que estômagos de animais. O ácido estomacal acabava por “talhar” o leite, transformando-o em uma pasta de maior durabilidade e sabor.
Escritos antigos mostram que sumérios e egípcios já consumiam a iguaria, e até na Bíblia há passagens em que o queijo é ofertado a anjos e soldados. O Império Romano o elevou à nobreza com a inclusão de fungos, e na Idade Média, os monges europeus, entre orações e a produção de vinhos, o manufaturavam em seus mosteiros.
Hoje, mesmo com a industrialização, aqui no Circuito das Águas, somos privilegiados por nossas águas minerais, ar puro e terra fértil, o que nos permite rivalizar com a renomada Serra da Canastra!
E tudo fica ainda mais irresistível quando servido com os cafés especiais da região e, mais ainda, se passarmos uma geléia de mel e café. Para arrematar, um pequeno chocolate com recheio de semente de café torrado.
Uma combinação tão divina que faria o próprio Aristeu ficar com água na boca!