Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

Teu Cristo no Alto Parece Abraçar

“Teu Cristo no alto parece abraçar... É doce, é singelo e se faz encantar.” — trecho da canção “Em Serra Negra, descanso o olhar” Em Serra Negra, mais que concreto e luz, o Cristo no alto é um gesto permanente de acolhida. Um abraço moldado pela fé de um povo — e iluminado pelo tempo.

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Teu Cristo no Alto Parece Abraçar
Cristo Redentor - Arte: Henrique Vieira Filho

Serra Negra tem seu Cristo. E não é força de expressão — é concreto, estrutura e fosforescência! 

Ali, fazendo aniversário, no alto do Pico do Fonseca, ele se ergue desde 6 de julho de 1952, quando foi inaugurado com missa campal, discurso de deputados e a fé de uma cidade que, com orgulho e uma taxa criativa de hospedagem, bancou sua própria versão do Redentor.

A ideia não veio de anjos nem de visões celestiais, mas do Serra Negra Moto Clube. Sim, o projeto mais devoto da cidade surgiu entre aceleradas e escapamentos. Foi o presidente do clube, Joaquim da Silva Lima, quem propôs. Com apoio do então prefeito e da caneta da Câmara Municipal, a imagem prevista para 5 metros, cresceu para 12. Com o pedestal, chegou a 17 metros, somando 92 peças de concreto armado e 80 toneladas de peso espiritual e cívico. À noite, banhado por refletores, brilha como milagre urbano graças à camada de massa fosforescente.

Naquela época, tudo custou CR$ 350.000,00 — uma fortuna então, hoje algo entre R$ 400 mil e R$ 1,9 milhão, dependendo se você corrige com base em salário mínimo ou no INCC da construção civil. O que não muda é a importância simbólica: o Cristo de Serra Negra foi, desde sempre, mais que pedra — foi gesto de fé coletiva, escultura de um querer popular.

Se hoje há uma “Cristolímpiada” competindo Brasil afora — Encantado (RS) com 43,5 metros, Rio de Janeiro com seus 38, Camboriú, Elói Mendes, Taubaté na cola — o nosso Cristo serrano segue ali, firme, sem competir, mas sempre acolhendo. Porque sua grandeza está na doçura, não na altura!

Este ano, no mês de seu aniversário, volto o olhar novamente para ele — e o vejo, não só na montanha, mas também na tela e na canção. Uma de minhas pinturas retrata esse Cristo, que também é capa do meu mais recente livro. E uma de minhas canções (recém lançada) o celebra:

"Teu Cristo no alto parece abraçar... É doce, é singelo e se faz encantar..."
"Nos braços teus quero sempre voltar."

Esse abraço simbólico do Redentor serrano, fixado entre o céu e o verde, permanece. Um gesto aberto à cidade, aos turistas, aos que chegam e aos que nunca partiram.Porque em Serra Negra, onde a luz do entardecer descansa o olhar e a fé tem cheiro de mato e som de canção, há um Cristo que brilha. E abraça. Sempre!

Clique aqui para ouvir as músicas!

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