Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.

Colunas

O Museu que Transborda o Certificado

O legado vai além do certificado do Ministério da Cultura/IBRAM que nos reconhece como Museu ao alcançar o sorriso de quem pôde 'ver' a Iara pela primeira vez graças à audiodescrição, ou o morador da zona rural que se viu no cinema. É a prova de que a nossa maior riqueza não está no lastro financeiro, mas na ousadia de transformar história em Arte em Toda Parte. #MuseuReArte #IBRAM #PontoDeCultura #PatrimonioImaterial #Inclusao #CulturaAcessivel #SerraNegra #ArteViva

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O Museu que Transborda o Certificado
“Artistas no Museu ReArte” - Henrique, Dayana, Gabriel, Carol e Ayumi
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O calendário insiste que estamos na reta final do ano, mas a nossa contabilidade aqui na Residência Artística é medida em feitos, não em dias.

Recém celebramos a memória do meu tio Ary Vieira, o combatente da FEB que, em vez de se perder na barbárie da guerra, preferiu se concentrar em seu talento de desenhista de nanquim. 

Ele nos ensinou que a arte é a paz em pessoa. E o destino, em seu humor peculiar, fez com que essa arte fosse formalmente reconhecida agora: o Ministério da Cultura, por meio do IBRAM, finalmente bateu o carimbo: somos o MUSEU DA RE ARTE - RESIDÊNCIA ARTÍSTICA DO CIRCUITO DAS ÁGUAS! Um certificado de peso, ao lado do reconhecimento como Ponto de Cultura estadual.

Isso prova que, mesmo com verba que, sejamos francos, é modesta e que temos que buscar vencendo o "vestibular" de editais como a Lei Aldir Blanc e o PROAC, o amor à ARTE é o nosso maior lastro.

Mas, insisto: o museu não é a placa. O Museu é a vida que pulsa dentro.

No domingo passado, o evento "Memória em Movimento" provou isso. A Pré-Abertura foi a celebração do processo. O acervo de guerra do Ary trouxe mais do que apenas medalhas; trouxe a beleza que sobreviveu: a coleção de cartões postais europeus. 

Em seguida, a história local saltou do papel: a peça "Esconde o Conde" (baseada na pesquisa de Nestor Leme) virou uma festa com a interpretação de Ayumi Marchi. E a Cia. Allegro, com o talento contagiante de Dayana, Carol e Gabriel, deu vida e movimento às músicas que criamos especialmente para homenagear nossa cidade.

O irônico é que estas músicas estão em todas as plataformas de streaming do mundo, mas, ironicamente, nunca tocou na rádio de Serra Negra. É o patrimônio local fazendo o caminho mais longo para ser ouvido em casa…

E é aqui que o Patrimônio Imaterial encontra sua utilidade no dia a dia. Para que serve toda essa mobilização? Serve para a inclusão. Pego o exemplo do projeto "Serra Negra no Cinema". Nós não apenas cumprimos as metas de sessões de cinema itinerante; nós extrapolamos os objetivos, levando o folclore para comunidades rurais e urbanas que a cultura tradicionalmente esquece.

Mais crucialmente, quebramos a barreira da invisibilidade: nossos documentários, como o da Iara Guardiã de Nossas Águas, circularam com recursos de Audiodescrição (AD) e Libras, garantindo que pessoas com deficiência visual ou auditiva pudessem participar, entender e se emocionar. A cultura, quando viva, é um agente de transformação social.

O legado não é o certificado do IBRAM, mas o sorriso de quem pôde "ver" a Iara pela primeira vez graças ao AD, ou o morador da zona rural que se viu no cinema. É a prova de que a nossa maior riqueza não está no lastro financeiro, mas na ousadia de transformar história em Arte em Toda Parte.

O Museu ReArte está agora em seu Período de Visitas Experimentais. Se você perdeu a festa de abertura, venha ver de perto como a memória se transforma em ação e não se perde no passado: ela acontece no aqui e agora.Para conhecer o Museu ReArte e saber mais sobre as Visitas Experimentais, chame pelo Whatsapp: (11) 98294-6468.

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