Junte-se à nossa lista de assinantes para receber as últimas notícias, atualizações e ofertas especiais diretamente na sua caixa de entrada
Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
Esta semana comemoramos os 117 anos da Imigração Japonesa no Brasil. Mesmo aqui, na “italianíssima” Serra Negra, a influência nipônica tem espaço consagrado: logo mais, teremos o XIX Festival Brasileiro de Taiko, com impressionantes performances com os tradicionais tambores.
E a “Terra do Sol Nascente” inspirou várias das minhas pinturas que aqui estão, no bairro do Sol Nascente, na Residência Artística!
Estas obras já estiveram em exposições no Japão, no Museu de Turim e em galerias de New York, Miami, Londres e Paris. Haja asas para tantas viagens! Justamente por isso que o pássaro tsuru (semelhante às nossas garças) foi tema da maioria das telas.
Claro que não podia faltar uma pintura aquática e de sereia: temos a japonesa Ningyo, sempre cobiçada pelos pescadores e que se vinga deles com tsunamis! Contudo, foi o ar que predominou nestas exposições, com as tintas contando a tradição da arte de dobrar papel (origami) como meio de orar por saúde e paz: mil dobraduras em formas de tsurus dá direito a um desejo!
Esta tradição foi modernamente revisitada em decorrência da trágica e inspiradora história real da adolescente Sadako: vitimada por sequelas da bomba atômica, faleceu antes de conseguir dobrar todos os mil origamis, tarefa esta completada por suas colegas de escola.
A repercussão foi tamanha que virou símbolo de desejo de paz e saúde, atravessando fronteiras! São Paulo, por exemplo, todo ano envia centenas de milhares de tsurus ao Japão, que são depositados nos monumentos que homenageiam a pequena Sadako.
Várias de minhas pinturas ilustram figuras femininas voando em tsurus em belas e icônicas paisagens nipônicas. Diferenciando, outra arte, justamente a que mais chama a atenção do público, tem a modelo em pose inspirada em uma gigantesca estátua que fica em Nagasaki, onde a figura humana com uma das mãos pede as benção do céu e com a outra, abafa a explosão radioativa. Somando a isso, esta obra conta com, literalmente, mil tsurus pintados!
Daí se criou uma nova “lenda”: tirar “selfie” com esta pintura também concede um desejo! Mas, muita atenção: não pode ser um pedido egoísta! Tem que desejar paz e saúde, pois, se for mesquinharia, a sereia Ningyo vai mandar um tsunami! E nem adianta se refugiar aqui no Circuito das Águas, longe do Japão, pois ela pode terceirizar a punição com a sereia daqui, a indígena Iara, cujas filhas evocam a pororoca, que também é uma bela de uma onda gigante!
Seja na delicadeza de um origami, na imponência de um taiko ou na modernidade de uma “selfie”, todas as expressões artísticas são, acima de tudo, um convite para sonhar, para desejar paz e saúde, e para reconhecer que, mesmo em um pequeno ponto no mapa como Serra Negra, as asas da imaginação e da cultura podem nos levar a lugares infinitos!
E quem quiser ver de perto, nesta semana final de junho, estaremos expondo pinturas, música, literatura, cinema e oficinas culturais na Escola Estadual Profa Maria do Carmo de Godoy Ramos- Bairro das Palmeiras, Serra Negra - SP.
Exatos mil tsurus ornamentam o empoderamento feminino oriental, homenageando a clássica pose da “Estátua Da Paz”, de Nagasaki, meditando e zelando pela paz.
O Universo pede mil tsurus origamis em troca de cada desejo, que nesta obra, voa pelos céus transbordando paz e esperança.
Esta obra honra os desejos da pequena Sadako:
_ “Eu escreverei paz em suas asas e você voará o mundo inteiro”.
_ “Este é o nosso Grito. Esta é a nossa oração: Paz no Mundo”.
Eis que o pedido chega ao rei dos Tsurus, em uma idílica cena onde a esperança encontra o desejo.