Ibraim Gustavo
Ibraim Gustavo

Jornalista, pós-graduado em Marketing, MBA em Comunicação e Mídia, e MBA em Empreendedorismo e Inovação. Empreendedor, é sócio-fundador da Freestory – A primeira plataforma do Brasil de autodescrição com storytelling, IA e IoT. Com formação em Profissões do Futuro (O Futuro das Coisas) e no Programa de Capacitação da Nova Economia (Startse). É também músico, escritor, roteirista e storyteller.

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Serra Negra Para os Serranos : Up Balonismo - Fé e conexão nas alturas

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Serra Negra Para os Serranos : Up Balonismo - Fé e conexão nas alturas
Voos a dois mil metros acima do nível do mar mostram Serra Negra por outra perspectiva | Gerson Cordeiro
Serra Negra Para os Serranos : Up Balonismo - Fé e conexão nas alturas
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Serra Negra Para os Serranos : Up Balonismo - Fé e conexão nas alturas
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Por: Ibraim Gustavo Santos

Os primeiros raios da alvorada ainda não despertaram o canto dos pássaros. O farfalhar do matagal responde à brisa suave, fazendo as espigas dançarem de um lado para o outro, num ritmo ainda sonolento. O orvalho que chorou na madrugada agora recende a relva úmida, um amistoso aroma que pode ser percebido pelo sentido humano ao abrir as janelas e deixar a aura namorar as narinas. Do lado de fora, porém, a experiência é ainda mais convidativa e penetrante.

Um espectro se aproxima em passos cadenciados, sem pressa, sendo conduzido pela respiração serena. A noite seria inevitavelmente mais curta, mas, ao acordar, a falta do repouso não trouxe prejuízos consideráveis - apenas, pode-se dizer, um grau a mais de ansiedade por aquilo que estava prestes a acontecer. Ele seria o protagonista de um capítulo marcante em sua própria existência. Não havia medo ali. Era uma escolha, e ela foi feita dias antes, acompanhada de água mineral e café expresso, num escritório no centro da cidade. Para não acordar os hóspedes do quarto ao lado, o aviso de que a experiência aconteceria, chegou no início da noite anterior, fazendo o celular vibrar.

Eram quatro horas da manhã, o corpo se aproxima cada vez mais, e se une a uma parte do grupo que já estava ali. Outros ainda chegarão. Desta vez, 12 pessoas passarão pela experiência de levitar por cerca de uma hora, em um voo panorâmico, onde algumas das maiores belezas de Serra Negra e região podem ser avistadas do alto. Antes da decolagem, que com certeza alimentará o espírito, é necessário abastecer o corpo. Por isso, um delicioso e completo café da manhã é servido a todos os participantes. O rito faz parte da experiência: “Aqui na nossa experiência, cobramos para entregar o melhor do voo de balão. Então, diferentemente do que ocorre em outros empreendimentos semelhantes, com um café da manhã em um galpão que recebe turista que vai voar de balão como se ele estivesse em uma sala de hotel, nosso café da manhã vai até o campo, ou seja, o café vai até o visitante. E onde acontece esse café da manhã? Exatamente onde o piloto desejar e entender que é o local mais seguro para a decolagem. Assim, nossa equipe prepara o café da manhã, com chocolate quente, pãezinhos, biscoitos e outras delícias. E para quem tem alguma restrição alimentar, temos o cuidado de disponibilizar frutas, alimentos sem lactose e sem glúten”, informa Cristina Benatti, proprietária da agência Brazil Solutions Turismo que opera a Up Balonismo na Serra.

Nos primórdios da atividade, moradores e turistas eram surpreendidos ao olharem para o azulado céu serrano e avistar um enorme balão colorido sobrevoando a região central da cidade. Conforme o tempo foi passando, a agradável presença do veículo aéreo tornou-se mais e mais amistosa e familiar, sendo foco de inúmeros registros fotográficos feitos por quem passava por Serra Negra nos dias de voo. E apesar de nos últimos tempos não ser mais possível avistar o balão com tanta facilidade, a experiência está acontecendo, mas na zona rural do município: “De fato está acontecendo, e a cada ano a vivência está mais fortalecida. Mas o voo de balão começou com um grupo de amigos do Clube do Voo Livre do Alto da Serra. Os pilotos de parapente trouxeram o balão para fazer os rollovers, e isso aconteceu bem na época da Pandemia de Covid-19, exatamente quando a agência precisava ter um start diferente. E olhando para o céu e encontrando lá pessoas conhecidas de Serra Negra, conversamos com elas e conseguimos, então, trazer o voo de balão para nossa agência, como um produto turístico comercializado por nós. À época, tínhamos três pilotos que faziam voos que partiam de áreas mais próximas ao centro em balões de oito, doze e dezesseis passageiros, além de um voo exclusivo em um balão que levava duas pessoas apenas. Mas, para profissionalizar ainda mais as vendas, foi necessário entender mais sobre o balão, seu funcionamento, sua capacidade, entre outras matérias, até porque, inicialmente as pessoas viam bastante o balão passando pelo céu da cidade, mas hoje, conforme fomos estudando sobre o assunto e conhecendo mais sobre os voos, compreendemos que para tanto para a experiência do turista quanto para a segurança de todos, a decolagem da aeronave deve sempre acontecer em áreas rurais”. E Cris explica os motivos para isso: “Nossa intenção é proporcionar ao turista uma vista privilegiada de Serra Negra. Portanto, entendemos que, por uma questão de beleza e saciedade dos olhos, devemos e queremos mostrar a todos que participam dos nossos voos - tanto serranos quanto turistas - as belezas da nossa região rural, que é muito linda. Portanto, atualmente temos como locais de decolagem a região que fica entre Socorro, Águas de Lindóia e Serra Negra, e isso por uma questão de logística dos ventos. Mas quem deseja avistar o balão, todo fim de semana ele pousa no Bairro da Serra, nosso ponto cravado para pouso”. 

Cris explica ainda que o estudo dos ventos demonstrou que aquela é a região mais segura para a prática: “Nosso voo acontece bem no meio das nossas montanhas e vales, e só podemos praticar um voo de balão com 100% de segurança, com todas as adequações para um voo. Esses são os motivos pelos quais essas experiências só ocorrem na área rural, e não é mais tão comum assim ver o balão sobrevoando o centro da cidade. Nem é adequado para um voo de balão, tampouco é permitido pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)”.

Ela explica que há dois períodos em que os voos acontecem em Serra Negra: “Os voos se dividem em duas temporadas: verão, que vai de janeiro a abril, e inverno, que começa em maio e se estende até o mês de setembro. A partir daí, ficamos à mercê das chuvas, que marcam a entrada da primavera. Na mudança de estação para a primavera, que é o período das chuvas, observamos as condições climáticas daquele determinado ano para suspender as operações por questões de segurança, retornando sempre quando o tempo está mais propício. Na baixa temporada, vendemos voo de balão todo fim de semana. Mas em feriados e períodos de férias, fazemos voos de quinta a domingo. E caso alguém queira voar exclusivamente, ou com a família ou ainda com um grupo de amigos que tenha no mínimo doze pessoas, basta entrar em contato com a Brazil Solutions Turismo que conseguimos fazer esse voo a qualquer dia da semana”.

À procura de paz

Sentada de pernas cruzadas sobre uma imensa flor-de-lótus, a figura de olhos fechados parece meditar incansavelmente. As mãos unidas transmitem paz e serenidade, numa concordância plena com a vegetação às suas costas e com as nuvens, que descem do céu para beijar o topo da enorme montanha que conclui o cenário. Com 35 metros de altura, a maior estátua de Buda do Brasil - a segunda maior do mundo - é o principal monumento de Ibiraçu, e pode ser avistada de longe por quem passa na BR-101, que liga o município à Vitória, capital do estado do Espírito Santo.

A visita ao Mosteiro Zen Morro da Vargem pode ser transformadora para algumas pessoas, mas entediante para tantas outras. Para recarregar as energias, o brasileiro gosta, mesmo, é de ir à praia, tanto que a busca pelo litoral foi o principal motivo de turismo em 2024, respondendo por mais de 44% da viagens, conforme aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em estudo divulgado em outubro de 2025.

Enquanto uns depositam suas emoções na filosofia asiática, e outros preferem o barulho silencioso do mar, há quem opte por se entregar à experiências mais autênticas e inovadoras. A psicologia jamais indicaria a um indivíduo jogar tudo para o alto. Mas como parte de um processo terapêutico, em alguns casos, levar a si mesmo para cima pode ser um santo remédio. A promessa, a metros de altura, é de profunda paz, com o som dos queimadores inflando o gigantesco e colorido envelope arredondado: “O silêncio que encontramos lá em cima é impressionante, um momento único de paz e reflexão. O viajante escuta somente o barulho do maçarico. Não se compara a absolutamente nada, nem mesmo ao voo de avião, porque, pelo menos para mim, me dá a sensação de vácuo, como se estivesse faltando um chão para os meus pés. Já no balão, não. Você sente o chão do cesto, e você sabe que está seguro ali, ele não trepida e não balança. Mas, é claro, desde que seja um voo seguro, com um bom piloto, e por isso reforçamos tanto isso, que com o nosso piloto, com certeza voamos com total segurança”, enfatiza Elisangela Galego, guia de Turismo especialista em roteiros no Circuito das Águas e Serra Negra.

Seu testemunho é acompanhado de perto por sua parceira, Cris: “A minha sensação é de gratidão a Deus, porque ter a oportunidade de subir a uma altura que o balão proporciona, sem asas ou janelas, e apreciar o que os pássaros veem… Senhor, é só a gratidão! É uma paz infinita, é um silêncio sem fim, e absolutamente nada para intervir naquela luz que vem com o nascer do sol maravilhoso da nossa cidade. Temos muitos clientes que são pilotos de avião, por incrível que pareça. E eles agendam seus voos e depois nos contam que nada se compara a um voo de balão. E são pessoas que, pela profissão que têm, já amam voar, mas que, segundo eles, o balão é um contemplativo único”.

E o orgânico está de volta e, desta vez, no seu sentido mais poético, pois pelo relato de Cris e Elis, a sensação que a aeronave traz a que quem está sobrevoando por Serra Negra é de uma viagem orgânica, em que o ser humano pertence ao local onde ele está, como parte integrante da natureza que do alto ele observa, uma verdadeira conexão entre quem está no ar - sejam pássaros, ou os próprios passageiros que estão no voo, bem como com tudo aquilo tudo que é visto embaixo. Trata-se de uma experiência que humaniza o ser, que sobe de uma forma, e aterrissa transformado: “O balão é uma janela aberta 360 graus. O viajante vê a linha do horizonte, enxerga o planeta redondinho. É… (suspira) uma coisa, assim… (suspira novamente, sem palavras, dessa vez) maravilhosa!”, acrescenta Elis. 

“Dependendo da altura que o balão sobe, conseguimos ver o Planeta Terra redondo, é uma coisa absurda. Não tem como não refletir. É uma experiência que mexe muito com as emoções de quem está no balão, que sobe de uma forma e volta para o chão de outra maneira. E contamos isso por conta dos depoimentos que os próprios clientes nos dão. É por meio deles que entendemos o que a pessoa viveu lá em cima”.

Assim como um rito religioso, o voo de balão possibilita uma conexão com a própria espiritualidade. Mesmo que o passageiro não professe nenhuma fé ou acredite em algo espiritual, é improvável que não aconteça alguma transformação interna após o retorno: “A pessoa que voa de balão volta diferente. Muitas pessoas têm medo de altura, mas não podem deixar esse sonho morrer. Agora, eu preciso dar o mérito ao nosso piloto, porque ele deixa a todos muito seguros. Muitas pessoas têm medo de altura e, quando chegam aqui, convencemos a ela de voar, mas o papel fundamental é do piloto”, garante Elis.

Algumas pessoas têm a real intenção de fazer um voo de balão, um sonho, mesmo. Entretanto, a paúra de tirar os pés do chão pode ser um impeditivo. Cris e Elis garantem que o veículo é seguro, e que aqueles que têm o sonho, mas também carregam o medo, podem se superar, pois tudo é possível: “Com certeza! Inclusive, dizemos ao cliente que voar de balão se trata de uma superação pessoal. Eu mesma sou uma pessoa que superei esse medo. Mesmo vendendo essa experiência a outras pessoas, jamais imaginei que um dia teria coragem de voar em um balão, logo eu, que sempre tive medo de altura, até mesmo de uma simples sacada ou de uma escada mais alta. E eu fui no susto naquele voo, porque estava escalada para trabalhar na ocasião, e a equipe me disse que aquele seria o meu dia de entrar no cesto com os outros passageiros. Bem, é claro que depois daquela primeira vez, eu me apaixonei e acabei voando outras vezes. Aliás, voaria sempre que pudesse, até porque, nenhum voo é igual ao outro. O vento muda a direção da aeronave, a velocidade e, assim, muda também a panorâmica, portanto, você pode voar mil vezes que em cada uma delas será uma experiência diferente”, comenta Cris.

Elis complementa dizendo que a própria natureza altera sua forma, presenteando o viajante em cada oportunidade diferente: “A natureza se transforma dia após dia. Muitas vezes você decola e ainda não há frutos no pé de café, por exemplo. Na próxima oportunidade, o cafezal estará florido ou colorido com os grãos vermelhos e amarelos. Em outras ocasiões o viajante pode avistar - e por que não colher?! - uma laranja nos laranjais de Socorro-SP. Lá de cima, é possível que seus olhos te confundam: olhando lá de cima, você pode achar que está vendo um pasto, quando, na verdade, é uma plantação de aveia. Então, a natureza se transforma, entregando toda a magia no voo de balão”.

Turistas em sua própria terra

“[...] Alfred confiava nela. Mas não conseguiu dormir. Levantou antes do nascer do dia. Sentou à mesa e trabalhou febrilmente. Quando terminou, o ouro brilhava, o diamante cintilava - a mitra estava perfeita. Acondicionou cuidadosamente em uma caixa maior, muito bem forrada, e embrulhou”. (O Diamante de Jerusalém, Noah Gordon, página 94).

Diamante vermelho,  jadeíte, serendibite, diamante azul e rubi. Essas são reconhecidas como algumas das gemas mais valiosas do mundo. O diamante vermelho, por exemplo, é extremamente raro e pode custar milhões de dólares por quilate. Entretanto, joias não são apenas pedras preciosas lapidadas por profissionais experientes, membros antigos de famílias herdeiras em Jerusalém, Israel, ou em Ghent, na Bélgica.

Para ter acesso a jóias de altíssimo valor, a pedras preciosas ou obras de arte raras, o interessado tem poucas opções: trabalhar com esses elementos, ou visitar os museus mais famosos do planeta e torcer para não esbarrar em uma fila abarrotada com centenas de outros visitantes vindos de toda as partes do globo. Especialistas quando o assunto é viagem, Cris e Elis asseguram que algumas preciosidades estão mais perto do que imaginamos, basta abrir os olhos e contemplar. A depender da perspectiva, esse fato se torna ainda mais claro: “Ao voar sobre Serra Negra e sobre o Circuito das Águas, o morador dessas cidades vai entender que ele mora em cima de uma pedra preciosa, das melhores que possam existir nesse mundo. Tenho segurança para afirmar que é deste mundo, não somente do estado de São Paulo ou do Brasil, não! É do mundo. Somos privilegiados. A perspectiva que o balão vai apresentar para o serrano, para as pessoas que moram aqui em Serra Negra, é única. Todos os serranos deveriam viver essa experiência, para compreenderem onde é que eles vivem, a beleza deste lugar. Temos turistas como clientes, mas, infelizmente, ainda muitos moradores da cidade vieram ter essa vivência, até porque, como o balão não sobrevoa mais o centro da cidade, muitos acreditam que os voos não estão acontecendo. Vale dizer: sim! O voo de balão em Serra Negra ainda acontece, e enquanto tivermos forças para segurar esse esporte conosco, nós iremos segurar. Confesso que não é fácil fazer toda a gestão da empresa, vender e operar os voos de balão, porque é uma atividade que demanda trabalho, demanda responsabilidade com as documentações e, principalmente, porque nos importamos com o público, em oferecer a segurança - tanto de quem está em cima quanto de quem está embaixo, no suporte - e nos importamos sobretudo em entregar as melhores experiências ao cliente, valorizando a nossa cidade. Nosso foco é oferecer uma real transformação na vida de quem voa”, confessa Cris.

“O balão tem uma logística diferente de outras experiências turísticas. É como um filho que você precisa começar aos poucos, e ir construindo com cada cliente, tendo o cuidado de entender qual a necessidade específica de cada um deles, fazendo com que seja uma recordação para o resto da vida”, acrescenta Elis.

De volta à estrada. Leva cerca de três horas para percorrer o caminho entre Serra Negra e São Paulo, e aguardar sentado no terminal 3 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. De lá, novamente é necessário cruzar os mares para viver uma grande emoção e, desta vez, a de estar a milhares de metros de altura. Na Turquia, mais precisamente na Capadócia, talvez o destino mais famoso do mundo para quem busca o balonismo. No Brasil, Boituva, em São Paulo, também tem oferecido essa vivência. Contudo, Elis fala sobre a oportunidade que os serranos têm de viver tudo isso pertinho de casa, mas muitas vezes viaja para longe para experienciar o voo: “Às vezes, é preciso ir para longe para darmos valor ao que temos aqui. Além das belezas locais vistas por outro ângulo, voar em casa tem uma logística facilitada e um custo-benefício como importante atrativo, especialmente porque temos planos, descontos e facilidades de pagamentos para o morador da cidade, para que ele realmente possa viver, e que isso não seja um impedimento. Sobrevoar a Serra da Mantiqueira, avistar os vales e as montanhas, o Morro Pelado, em Águas de Lindóia, o Alto da Serra e o Ribeirão Serra Negra, aqui na cidade, e o Rio do Peixe, em Socorro, além das plantações, das fazendas e sítios da nossa região, é um passeio diferenciado”.

Ventos contrários

Existe uma máxima no mundo dos memes das redes sociais que diz o seguinte: “Todo pesadelo começa com um sonho”. Apesar de cômica, a situação é real em inúmeros casos de empresas e profissionais que iniciam um negócio com potencial para prosperar, mas que no meio do caminho, algo desanda e faz o sonho ruir. Essa trajetória é bastante comum entre empreendedores brasileiros, especialmente entre aqueles que buscam inovar nas suas áreas de atuação. A Brazil Solutions Turismo também atravessou esse vale, mas felizmente, superar os desafios faz parte da rotina de Cris e Elis: “A gente já pensou em desistir. Esse ano, inclusive, começamos a avaliar todo o movimento da agência, e todo o trabalho que temos para operar tudo por aqui, e o balão tem um peso muito grande na rotina da agência, na administração disso tudo, consumindo nosso tempo, nossa energia, porque, afinal de contas, é dedicação total. Pense comigo, estamos com 20 pessoas para fazer o voo e o nosso piloto avisa que o vento do final de semana não está favorável para decolagem e que, portanto, não haverá voo. Precisamos entrar em contato com cada um desses passageiros para fazer a devolução do dinheiro ou a remarcação do passeio em uma nova data. Além da administração real, há também a necessidade de lidar com a frustração dos clientes. É uma atividade muito emocional. Gostaríamos de ser reconhecidas por esse trabalho, porque hoje ele não significa um lado financeiro da Brazil Solutions Turismo, sabe? Ele significa, antes de tudo, uma forma que encontramos de desenvolver um produto novo para a cidade de Serra Negra, e é por isso que continuamos segurando firme essa corda. Até porque nossa aposta é de que daqui algum tempo, poderemos entregar à cidade o presente de ser uma referência no balonismo brasileiro. É por isso que ainda seguramos a corda, mas não é fácil”, considera Cris.

Elis contabiliza outros fatores importantes e incomensuráveis quando se trabalha com o sonho das pessoas, que quando é realizado, há a transformação anteriormente citada. Quando não é possível, é preciso lidar com a inevitável desilusão: “Um cliente planeja pedir namorada em casamento lá em cima; o outro planeja comemorar o aniversário da mãe e não vai poder. É complicado lidar com a frustração, porque trabalhamos com isso também: os sonhos das pessoas”.

A recompensa da persistência é ver o sucesso que o balão de Serra Negra faz em todo o país, atraindo, inclusive, estrangeiros para voar por aqui. E esse é um presente que pode ser ofertado a outras pessoas, proporcionando algumas das recordações mais inesquecíveis da vida “Aff (suspira!) Eu acredito que uma experiência de voo de balão é o melhor presente que alguém pode dar. E vou te dizer que as pessoas estão muito apaixonadas (risos) porque nos últimos tempos temos presenciado muitos pedidos de casamento, de namoro, renovação de votos e comemoração de bodas. E, claro, damos todo o respaldo para as celebrações, oferecendo cesta de piquenique, buquê de flores, vinhos e queijos, estendemos uma faixa em terra com a inscrição ‘Quer se casar comigo?’, quando é o caso. Posso assegurar que, para os apaixonados, a Up é a opção certa”, comemora Elis.

“E o cliente não precisa de uma data específica. Ele pode, por exemplo, escolher um presente de natal para dar a alguém, vem, faz a reserva, paga uma entrada e o restante somente quando o presenteado voar. Nesse caso, o interessado pode dar uma ‘carta de presente’, que tem validade de um ano a partir da data da compra. Ao receber o presente, o aniversariante escolhe a melhor data para realizar o voo num prazo de 12 meses. Caso o voo seja impossibilitado por uma razão de mau tempo, chuvas ou outros fatores, o presenteado pode remarcar a data. E, mais uma vez para quem é de Serra Negra, oferecemos descontos e planos especiais, sempre com um desconto diferenciado para quem é da cidade”.

Especialmente para quem é morador da cidade, turistar em Serra Negra é dar um verdadeiro Up na vida: “Eu sou suspeita a falar, porque como eu trabalho como guia há 20 anos, e sou apaixonada por essa cidade. O serrano - ou quem mora aqui - precisa ver Serra Negra do alto, e ter essa experiência maravilhosa que é fazer o voo de balão. Depois de voar, o morador vai conhecer uma Serra Negra que ele nem imaginava que existia, vendo a cidade com outros olhos, porque, olha, tenha certeza, nós pagamos em euros para ver a Europa, para visitar a Toscana quando temos um pedacinho da Toscana aqui em Serra Negra, no Bairro da Serra. E como temos muita coisa para ver, o voo de balão proporciona isso, numa experiência maravilhosa e segura, desde que, é claro, o interessado tenha o respaldo de uma agência séria e correta como a Brazil Solutions, que está aqui no mercado há 20 anos. Estamos aqui esperando vocês de braços abertos.

Revigorados pela imersão na natureza e pelo contato com o céu, vamos atravessar o centro da cidade em direção à Rota Turística do Alto da Serra. Lá, duas experiências completamente distintas nos aguardam: uma visita à casa de um nazista, e um passeio radical de quadriciclo. 

Você pode ouvir essa história, com a entrevista de Cris e Elis, além de ouvir os próximos episódios da série em:

Edição impressa e no portal online do Jornal O Serrano, nas próximas 4 sextas-feiras;

Na Rádio Serra Negra: FM 104,5 mHz / ou no site da rádio, clicando aqui, sextas-feiras, às 10h (reprise às 20h);

Canal do Spotify aqui

Em livro*: ainda sem data para publicação.

Série Serra Negra Para os Serranos:
Roteiro e apresentação: Ibraim Gustavo Santos 
As fotos deste episódio são de Gerson Cordeiro

Realização: Jornal O Serrano e Rádio Serra Negra 

Produção: Freestory 

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