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Henrique Vieira Filho é jornalista, escritor, terapeuta, sociólogo, artista plástico, agente cultural, diretor de arte, produtor audiovisual, educador físico, professor de artes visuais, pós-graduado em psicanálise e perícia técnica de obras de arte.
A vida, vez ou outra, nos prega peças com lições inusitadas. E se o Dia do Desafio do Morro do Cristo (03 de agosto/ Largada: 8h - em frente à Fontana di Trevi) se aproxima, que tal eu lhes contar um "causo" de adolescência que, para mim, resume bem o espírito de superação e, quem sabe, um toque de milagre serrano?
Lá se vão anos, em plena São Paulo, eu e meu amigo Edvan éramos figuras carimbadas no Parque do Piqueri. Nossa rotina? Correr. E por ironia do destino, Edvan, que sofria com bronquite, usava o esporte como um de seus antídotos.
Mesmo com a doença, ele me vencia nas pistas planas, e, claro, fazia questão de contar vantagem…
Meu trunfo na manga? "Quero ver fazer isso na subida do morro do Cristo, em Serra Negra!", eu retrucava, já prevendo a inversão do jogo.
E não é que o universo conspirou? Em férias, viemos para cá, para a tranquilidade do Circuito Das Águas. E, nada de "apelar" para o teleférico: decidimos pela aventura "raiz"! Queríamos ir pelo caminho "mais curto", que, na verdade, era sinônimo de "mais íngreme e mato adentro". E aí, meus amigos, a profecia se cumpriu!
Minha "genética" de serrano, forjada nos "alpes" daqui, se revelou. Aquela subida no mato era meu território, e eu, que apanhava nas pistas poluídas da capital, senti o fôlego vir, o corpo responder. Não resisti: comecei a tripudiar, subindo de costas, "dando uma chance" ao meu amigo paulistano. Pobre Edvan! Ele foi à lona! Passou mal, sangrou pelo nariz de tanto esforço, enquanto eu, em minha altivez serrana, respirava como se estivesse em um passeio no parque.
Exaustos, mas com a missão cumprida, voltamos para a casa do meu tio Ari, pertinho do Serra Negra Esporte Clube. Apagamos, cada um no seu canto, vencidos pelo cansaço. A surpresa veio no dia seguinte, ao acordar. Edvan estava radiante: "Henrique, eu estou respirando muito bem! Melhor do que nunca!". E, pasmem, a história não para por aí. Anos e anos se passaram, e meu amigo nunca mais teve um ataque de bronquite!
Quem diria! Aquela subida sofrida no Morro do Fonseca, coroada pelo Cristo Redentor lá no alto, talvez tenha sido mais do que um desafio físico.
Quem sabe, por ter um Cristo acima, até o Fonseca virou milagreiro! A ciência que nos perdoe, mas para nós, foi pura magia serrana.