Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho é artista plástico, agente cultural (SNIIC: AG-207516), produtor cultural no Ponto de Cultura “ReArte” (Certificado Ministério da Cultura), Museólogo no Museu Rearte (reconhecido pelo IBRAM/Ministério da Cultura), gestor Pontos MIS (Museu da Imagem e do Som/SP), diretor de arte (MTE 0058368/SP), produtor audiovisual (ANCINE: 49361), escritor, jornalista (MTE 080467/SP), educador físico (CREF 040237-P/SP), psicanalista, sociólogo (MTE 0002467/SP), historiador, professor de artes visuais, pós-graduado em Psicanálise, em perícia técnica sobre artes e em Biblioteconomia.

Colunas

Cem Bibliófilos E Uns Segredos

Aqui na ReArte, o único assalto que permitimos é o de Cultura! Deixamos os mistérios para o cinema do Ponto MIS. Leia a crônica da semana sobre ladrões de arte, Matisse e Portinari, e nossa missão de provar que a melhor segurança para um acervo é o leitor dentro dele. #RouboDeArte #Matisse #Portinari #ReArte #PontoMIS #CemBibliófilos #CulturaAcessivel #SerraNegra #BibliotecaMárioDeAndrade #HenriqueVieiraFilho

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Cem Bibliófilos E Uns Segredos
Portinari vs Matisse - Montagem: Henrique Vieira Filho

Agora virou moda: assaltar museus e bibliotecas! Se Serra Negra nem fosse tão pacata, eu ficaria preocupado; afinal, a nossa ReArte - Residência Artística é os dois (e muito mais…)!

Sabia que a Monalisa só se tornou “celebridade” depois que foi roubada? Antes, era uma ilustre desconhecida do público, mas, após seu sumiço e as mil peripécias até sua recuperação, ganhou status de ícone pop mundial!

O cinema (aliás, pessoal, também somos Ponto MIS, com exibições gratuitas de filmes) glamourizou os roubos aos museus, onde os ladrões eram charmosos e engenhosos. Criou-se tal expectativa em relação ao recente roubo no Louvre (em 2025!): disfarces, guindastes, entrada pela janela… Parecia história de Hollywood. Até que a realidade veio à tona: eram amadores, que deixaram digitais, roupas e até danificaram e perderam em um beco uma das obras mais valiosas! A incompetência salvou a história, mas expôs a falha de segurança.

E eis que essa semana, em uma ação nada sofisticada, dois assaltantes, à mão armada, invadiram a Biblioteca Mário de Andrade (e olha que escrevi sobre ela na crônica anterior!) e roubaram dois livros de arte raríssimos. O valor histórico é incalculável, mas, se fôssemos pensar em valor de mercado, seria na faixa de um milhão de reais, mas, na verdade, nem existem exemplares à venda por aí… A não ser que queiram comprar dos ladrões…

Um desses livros surrupiados é de autoria do meu xará, o Henri Matisse. Foi em seu período de combate ao câncer, já sem condições de pintar, que ele desenvolveu a técnica das colagens. Sob sua orientação, seus assistentes pintavam papéis de cores vivas que Matisse recortava, criando formas. O kit dessas obras formou o livro de arte “Jazz”, reproduzido artesanalmente pela técnica de pochoir (estêncil), com edição limitadíssima. Além da importância histórica (o Matisse se reinventando na doença), a aquisição desse exemplar pela Biblioteca Mário de Andrade foi o pontapé inicial para a criação do nosso MAM - Museu de Arte Moderna! Aliás, nem é a primeira vez que foi roubado! Ele havia sumido antes, junto com 60 livros raros, e só retornou à Biblioteca em 2015, após ser repatriado da Argentina.

O outro livro que foi levado pelos amantes do alheio, foi “O Meninos do Engenho”, de José Lins do Rego, ilustrado pelo pintor Cândido Portinari. Esse era o padrão de edição da Sociedade dos Cem Bibliófilos (amantes dos livros): grandes nomes da literatura tendo suas obras ilustradas por artistas plásticos consagrados, em gravuras artesanais (xilogravura, calcografia), em acabamento de primeiríssima qualidade e edições limitadas a poucas centenas de exemplares.

Aproveitando o “gancho” nesses acontecimentos jornalísticos, estamos preparando uma exposição de livros de artes para o início de 2026!

Como podem perceber, museus, bibliotecas e artes são interligadas e até indistintas, como no nosso caso na ReArte! Enquanto torcemos para a Mário de Andrade se recuperar, na ReArte seguimos com a missão: provar que a melhor segurança para um acervo é o povo apreciando ele!

Se Portinari conhecesse a ReArte - Ilustração: Henrique Vieira Filho
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