Por: Ibraim Gustavo Santos
Terra, poeira, o vento soprando rispidamente contra a face, enquanto a até sessenta quilômetros por hora, o piloto é ladeado por mato e cafezal, e, alguns metros adiante, uma enorme ribanceira sinaliza ao condutor que todo cuidado é pouco. Barro e lama são componentes quase sempre presentes, exceto durante o período de estiagem que assola a região.
Muitos desses aventureiros acreditam que a experiência motorizada é semelhante à sensação de estar sob duas rodas. E é aí que muita gente se engana: “O mais importante é não chegar aqui com muita confiança. Quem tem o costume de pilotar motocicletas acredita que a mecânica do quadriciclo é a mesma, e aí é que mora o perigo. Principalmente quando falamos em encurvamento, aceleração, entre outras coisas, o quadriciclo tem uma mecânica e um funcionamento próprios dele, e que é totalmente diferente de moto. Por isso, ao chegar para assinar os papéis, passamos todas as instruções para os clientes e pedimos para que eles façam um teste antes de rumar para a estrada”. E ela aproveita o ensejo para comentar qual a sensação que ela teve ao pilotar a primeira vez o veículo: “É diferente. Como eu piloto moto desde os meus 8 anos de idade, posso dizer que é uma sensação completamente distinta, com o ar no rosto e a adrenalina, pilotando uma máquina diferente, principalmente para quem está acostumado a dirigir carro ou a pilotar moto”.
Não chegar ao local fiados na experiência de guiar outros veículos não é a única recomendação de Larissa Rodrigues. Outros alertas básicos são fundamentais antes de pilotar: ”Para garantir um pouco mais de segurança, e por questão de maturidade, apesar de não solicitarmos a apresentação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o condutor deve ter no mínimo 17 anos de idade, acompanhado de um responsável na garupa, e para pessoas acima dos 18 anos, pode pilotar sozinha. Gestantes, por exemplo, não podem participar da experiência, porque qualquer eventualidade pode ser fatal, crianças podem, desde que tenham mais de 8 anos ou mais 1,20 metro de altura. Isso se deve à segurança da própria criança, já que os bancos do quadriciclo são largos, sendo necessária uma altura mínima para que a pessoa se sustente no veículo. Outras regras e recomendações são fornecidas a depender da demanda. Por exemplo, se alguém chegar aqui alterado por embriaguez não pode pilotar, pois há todo um cuidado especial nesse tipo de situação”.
Larissa informa ainda que é preciso ter uma atenção especial ao solo onde o passeio é realizado: “O asfalto de Serra Negra é bastante desnivelado. Dependendo da mão que o condutor está, dá para notar que o veículo tem uma queda para um ou outro lado, e isso é mais perceptível quando você pilota um quadriciclo do que um carro, porque o piloto está com as mãos direto na direção dele, tendo que ter aquilo que chamamos de ‘manha’ para fazer a correção do veículo caso seja necessário. A estrada de terra, por um lado, é até mais segura, entretanto, uma boa condução depende do clima, que pode prejudicar a pista em dias de chuva, por exemplo, causando erosão no trajeto. Quando a demanda de carros que visitam o Alto da Serra, por exemplo, é muito grande, nos deparamos com muitas crateras lá. É aí que a pessoa tem que ter essa ‘manha’ que comentei, porque quase sempre o piloto vai calçar em valeta, exigindo que ele corrija a direção. E o Alto da Serra tem muito disso, o que chamamos de costeleta, que são aquelas crateras mais fundas. Por causa delas, existe a possibilidade de cair, de bater e de tombar, e jamais reconhecida isso de ninguém, pois as pessoas perguntam se pilotar quadriciclo é perigoso, e eu digo que sim, por isso sempre instruímos nossos clientes a, no momento em que sentiu insegurança ou medo, agarre todos os freios, pois a mecânica do veículo já é feita para isso, conforme você desacelera, ele reduz automaticamente, sendo, inclusive, possível ouvir o motor desacelerar. É nesse momento que o condutor corrige o freio”.
A aventura, porém, é acompanhada por um guia, que vai à frente do comboio, ofertando segurança para quem percorre a Rota de um modo alternativo: ”Um guia da nossa equipe sempre vai à frente guiando o grupo com uma moto, e dependendo da quantidade de pessoas e do tamanho do comboio, vai uma moto atrás também, para que o guia da frente não perca a visão de todo o grupo, o que pode acontecer devido à uma curva, por exemplo. O primeiro guia também está lá para reter o comboio e não deixar que os últimos quadriciclos se percam ou se afastem muito. Por isso pedimos a quem está pilotando que não ultrapasse o guia e mantenha a fila única, até porque, o grupo passa por estradas municipais, e pode encontrar outro veículo vindo na contramão”.
Mas para quê se arriscar tanto? A resposta talvez não possa ser respondida do meio da montanha, onde está a base do CR Rent Quadriciclos, no fim do primeiro terço da Rota Turística do Alto da Serra. Ela é encontrada alguns quilômetros abaixo, no mesmo Bairro do Barrocão, quando é necessário tirar os tênis dos pés para aproveitar as cachoeiras límpidas, ou no topo da colina, onde os visitantes se deleitam com o mais admirável e belo pôr do sol do Circuito das Águas Paulista.
A resposta está também no fato de que vivenciar a experiência em Serra Negra é diferente de qualquer outro lugar: “Aqui na CR Rent focamos nosso trabalho em famílias, principalmente aquelas com crianças e adolescentes, que gostam muito desse tipo de aventura. É comum ouvirmos de pessoas que vão a outros lugares, como Campos do Jordão, Monte Verde, e até mesmo Socorro, que o passeio é muito radical, e que inclusive sentiram medo e pilotaram com insegurança. Já aqui, não. Por incrível que pareça, o mais difícil aqui é o teste, que acontece no espaço anexo do empreendimento, e onde o cliente tem a oportunidade de conhecer o veículo e se familiarizar com a direção. As rotas e o trajeto que fazemos são bem mais tranquilos que o teste, então a pessoa consegue aproveitar, mesmo com montanhas, subidas e descidas. Pode acreditar: dá pra aproveitar, e não precisa ficar nervoso”, garante Larissa.
Diversos destinos turísticos no Brasil oferecem o passeio de quadriciclo, como a Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte, ou em Porto de Galinhas, em Pernambuco. Até mesmo no interior de São Paulo é possível encontrar passeios famosos e que entregam muita aventura, como em Joaquim Egídio, distrito de Campinas-SP, em Atibaia-SP, ou mesmo em Socorro-SP e Campos do Jordão-SP, conforme Larissa comentou.
Mas em Serra Negra, o passeio é muito procurado por famílias inteiras, com crianças e idosos. Até mesmo casais apaixonados procuram o tour para se conhecerem melhor e desfrutar o amor. Há ainda quem aproveita a ocasião para celebrar um aniversário de namoro, e também para pedir o(a) amado(a) em casamento: “O público que mais atendemos são de pessoas recém-casadas e namorados, turistas que estão passeando por Serra Negra. Até porque, aqui acontece muito o turismo conhecido como ‘bate-volta’, quando, geralmente, os turistas vêm para ficar quatro dias na cidade”.
Outra diferença é que em nenhum desses lugares tem o Zequinha. Colaborador do estabelecimento, Zequinha é um verdadeiro parceiro. Sabe tudo sobre a Rota do Alto da Serra, conhece os segredos do trajeto, e sabe como guiar o visitante pelos caminhos mais belos do roteiro. Ele é alto, mas também pode ser baixo; ele tem a pele clara, mas às vezes, morena; ora seu cabelo é comprido, ora é mais curto, podendo até mesmo um dia não ter cabelos em sua cabeça. O que não muda nunca é o seu humor, sempre disposto a auxiliar, porque sabe que sua principal função é realizar sonhos: ”Recebemos visitas de pessoas mais velhas, da Terceira Idade, que afirmam ter o desejo de passear de quadriciclo, mas têm medo de pilotar. É aí que entra o Zequinha, que é um guia da CR Rent, e que leva o interessado na garupa pela metade do preço”, assegurando a experiência de sentir o vento no rosto e conhecer a Rota Turística do Alto da Serra e suas belezas, como a cachoeira, a bordo de um quadriciclo.
E os testemunhos testificam essa verdade: “Quem vem diz que curtiu muito, que a experiência foi uma delícia, e que vai voltar com a família”.
O medo é uma emoção básica que surge em resposta a uma ameaça percebida, seja ela real ou imaginada. É uma reação de alerta do corpo que se prepara para a luta ou fuga. O medo pode ser uma resposta natural e adaptativa, essencial para a sobrevivência, mas também pode se manifestar de forma exagerada ou irracional, como em fobias. De acordo com a Revista Arco, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o medo:
“[...]é basicamente a maneira que o corpo encontra de nos preparar para algo que nos represente ameaça ou perigo. Quando somos confrontados com uma situação como esta, o cérebro envia para o corpo sinais que buscam maximizar as chances de sobrevivência. As partes do cérebro responsáveis por essa reação são, principalmente, a amígdala - que faz parte do sistema límbico, onde, por exemplo, processamos as emoções - e o córtex frontal - a parte do cérebro que trabalha, entre outras coisas, com a resolução de problemas e com o controle de impulsos”.
É fundamental que o ser humano tenha medo, já que a ausência deste sentimento poderia trazer riscos ao indivíduo. Sentir medo, portanto, não é apenas comum, como desejável. Em muitos casos, é ele quem nos impede de cometer erros e correr riscos.
Entretanto, assim como tudo na vida, o excesso de medo pode se transformar em um impeditivo de realizações pessoais. Mas em justa medida, o sentimento é o principal fator para o sucesso de um piloto de quadriciclo: “Muita gente chega aqui com medo, mas essas pessoas são as que se desenvolvem melhor, porque elas vêm para aprender e aprendem certo, porque prestam mais atenção às instruções do guia. Cada cliente tem o seu próprio tempo de maturação, por isso solicitamos que todos cheguem com antecedência, dando tempo para preencher o termo de responsabilidade e cumprir outros afazeres, como ir ao banheiro, comer ou beber alguma coisa. Então, testamos o capacete, alinhamos todos os participantes e damos as instruções antes de realizar o teste de fato. Todo esse processo acontece em torno de 15 minutos. Entre as instruções e itens de segurança, o uso do capacete é obrigatório, já roupas e calçados, indicamos o uso de tênis para aproveitar melhor o passeio na trilha e na cachoeira, que é possível entrar para se banhar. A aceleração do quadriciclo é feita com os dedos das mãos, como no jet ski, ou seja. O veículo é semi-automático, mas nós o estabilizamos em terceira para facilitar o passeio, despreocupado o piloto de trocar de marcha, inclusive em ladeiras, tanto para subir quanto para descer. As duas manoplas das mãos são os freios, e há ainda um freio traseiro, que é acionado pelo pé direito do condutor, enquanto o esquerdo é a marcha e o câmbio, porém, indicamos que o pé fique posicionado para trás porque se o piloto ficar pisando no câmbio, onde é embreagem, ele vira câmbio, o que faz com que, mesmo acelerando, o veículo não sai do lugar”.
Mas o CR Rent também faz o dever de casa: além das orientações, os veículos possuem outras observações de segurança, como revisão constante dos equipamentos: ”As revisões dos quadriciclos são feitas semanalmente. Os colaboradores são treinados para perceber se algo está errado, ou se existe alguma diferença no funcionamento dos veículos, como um ruído ou um barulho estranho para consertar. Vale lembrar que nossa família é formada por mecânicos, portanto, nós mesmos fazemos o trabalho de recarregar os quadris, levá-los para a oficina e fazer a revisão. Pode ser que o cliente chegue aqui e veja que a carenagem do quadriciclo está exposta, e isso ocorre porque alguém bateu ou virou o veículo, e essa parte, que é feita de plástico, tende a estragar com o tempo, ocasionando algum desgaste de tinta ou algo similar. É importante destacar que isso não ocorre por falta de manutenção, mas sim porque muitas dessas peças não são vendidas no Brasil, sendo necessário importá-las. Existem peças da carenagem da frota que estou há mais de um ano buscando no mercado e não consigo encontrar. Repito: a manutenção é feita semanalmente. Aqui mesmo na nossa base temos gasolina, fluido de freio, tem estepe, ferramentas diversas e todos os demais equipamentos necessários para a manutenção da frota”.
Larissa explica como fazer para tirar qualquer resquício de insegurança do cliente, e deixá-lo à vontade e livre para passear e aproveitar o percurso: “Orientamos todos os nossos clientes a, no caso de sentirem alguma insegurança, não colocarem a perna para fora do quadriciclo. Quem pilota moto, instintivamente a primeira coisa que faz é isso, como primeira reação para tentar equilibrar o veículo. No quadriciclo não, porque é justamente aí que o usuário pode se machucar. Portanto, mantenha os dois pés dentro do veículo, acione o freio freia tudo, desacelere que automaticamente o quadri vai parar. Se porventura vier a acontecer alguma coisa, temos os kits de primeiro socorros, uma picape estacionada pronta para resgatar, além, é claro, de termos contato direto com o Corpo de Bombeiros. E colocamo-nos à disposição, inclusive, para o caso de precisar encaminhar alguém para o Pronto Socorro, se for necessário. Contudo, eu preciso destacar que isso, graças a Deus, jamais aconteceu com nenhum de nossos clientes. Em 12 anos de operação, tivemos a ocorrência de um acidente, e não por falta de instrução ou de mostrarmos o funcionamento do veículo. Foi justamente um adolescente que, vislumbrado, acelerou demais e ele e a sua mãe tombaram com o veículo, mas não se machucaram. Portanto, a principal instrução para quem vai pilotar é justamente seguir todas as orientações sempre”, frisou Larissa.
O Alto da Serra é um dos pontos mais visitados por quem vem à Serra Negra, especialmente para quem gosta de curtir o pôr do sol a 1300 metros de altitude acima do nível do mar. Enquanto lá embaixo as luzes da cidade já começam a se acender, no alto da montanha ainda é dia, e o espetáculo diário garante muitas fotos para guardar na memória. Acessar a montanha através do quadriciclo é uma sensação positiva extra, até porque, quando o local está lotado, os carros são impedidos de subir, enquanto os quadris, como são carinhosamente chamados, têm passe livre.
E se a busca pelo ocaso é o motivo que leva milhares de serranos e turistas até lá, Larissa garante que em dias de chuva, a emoção do percurso é ainda maior, mesmo que a vista seja levemente prejudicada: “Quando questionada se o passeio é cancelado em caso de chuva, eu brinco dizendo que o passeio fica mais radical. Mas é claro, depende da intensidade da chuva e dos ventos: se é uma garoa, temos capa de chuva disponível, e o passeio acontece normalmente; se é uma tempestade, não indicamos que o percurso seja realizado, até mesmo para não prejudicar a saúde dos clientes. Mas com o tempo fechado, neblina e garoa o cronograma segue normalmente, sem aumento de riscos para ninguém, mas com certeza com mais diversão. Por passarmos em estradas de terra, quando atravessamos períodos de estiagem os veículos levantam muita poeira, e as pessoas retornam à base empanadas (risos). Por isso mesmo, temos aqui um compressor de ar. Ao findar o passeio, os usuários formam uma fila para soprarmos o ar em todos eles antes de irem embora”.
O CR Rent Quadriciclos desenhou três percursos diferentes para os pilotos desfrutarem o passeio: em trinta minutos, é possível conhecer o Alto da Serra; em uma hora, o aventureiro visita uma linda cachoeira nas entranhas do Barrocão; e, por fim, para passear pelos dois atrativos, o visitante pode alugar o veículo e curtir a viagem por uma hora e meia: “Há duas opções de passeio. Se fizer o passeio durante o dia, a parada no topo da montanha dura cerca de 10 minutos. Mas nosso carro-chefe é o horário do pôr do sol, e isso é válido para qualquer pessoa que visita o Alto da Serra, não somente para quem vai de quadriciclo. Tanto que há dias, especialmente finais de semana, que a porteira de acesso à montanha é fechada pela Guarda Civil Municipal porque não cabem mais carros lá em cima. Neste caso, o turista tem a opção de vir aqui, guardar o carro, fazer os trâmites, subir com os nossos quadriciclos para assistir ao pôr do sol e retornar só depois que o fenômeno acontecer. Nestes casos, o passeio pode chegar a durar até duas horas”.
Nos próximos meses, existe a previsão de que novas rotas entrem no mapa do empreendimento: “Estamos com a ideia de firmar parceria com um sítio de café aqui na Rota do Alto da Serra. Há especulação sobre a inauguração de uma vinícola nessa região também. Muita gente pergunta se existe propriedade que faz vinhos e queijos por aqui. Infelizmente, não conseguimos atender ao público que faz esse tipo de solicitação porque, apesar de existirem sítios e fazendas produtoras no Bairro da Serra, por exemplo, seria necessário atravessar parte do centro da cidade, em asfalto, primeiro descaracterizando o passeio, e depois, dificultando o acesso por estarmos longe desses destinos. Estamos abrindo diálogo com empreendedores daqui do Alto da Serra para fazermos essa parceria”, informou Larissa, que não consegue precisar uma data para início dessa atividade.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2024 pela Hostinger, 6 em cada 10 brasileiros (60%) possuem 2 ou mais empregos concomitantemente. Enquanto a vida encarece, novos sonhos e desejos surgem, e os ganhos recorrentes atuais podem não ser suficientes para se ter uma vida que vai além dos boletos. Ainda segundo o levantamento, entre as razões para se trabalhar em mais de um emprego ao mesmo tempo estão as preocupações com a segurança financeira e a realização de sonhos pessoais.
O mesmo aconteceu com a família de Larissa, que iniciou a atividade no ramo de quadriciclos como uma oportunidade de ganho extra, mas como também é recorrente em muitos casos, a paixão pelo negócio tomou conta da agenda: “O objetivo principal no começo era uma segunda renda, mas nos apaixonamos tanto pelo negócio que hoje seguimos com grande alegria. Quando meu pai, Carlos Rodrigues, idealizou esse empreendimento no final de 2012, iniciamos o trabalho na antiga Mini Fazendinha, bem no pé do Alto da Serra, com um quiosque bem pequenininho, e apenas três veículos. Nos três primeiros anos, o atendimento ao turista acontecia apenas aos finais de semana, com as três rotas: 30 minutos até o Alto da Serra; 1 hora até a cachoeira; 1h30 ambos os passeios. Atualmente, estamos há 12 anos no mercado, já consagrados como um importante atrativo de nossa cidade, e operando neste novo local, neste terreno adquirido pelo meu pai há cinco anos, contando com uma equipe de cinco pessoas e atendendo o público com 13 veículos, inclusive em dias de semana, sob agendamento por WhatsApp. E é tão gratificante ter esse feedback do público agora, que antes não sabia que dá para aproveitar Serra Negra além da Coronel, com suas lojas de roupa e calçados, vista por muitos anos como o único atrativo da cidade, sem se atentarem e afeiçoarem às outras coisas que a cidade possui, outros lugares para conhecer. Nossa proposta é ser um referencial para o turismo serrano. Acredito que começamos a engatinhar nessa questão, mas ainda falta bastante”.
A empreendedora do setor de Turismo de Aventura dá o recado de como ela acredita que a mudança em relação ao turismo local pode acontecer, principalmente quando os próprios serranos passarem a aproveitar mais a cidade: “Eu acredito que a mudança de mentalidade deve partir, principalmente, do Poder Público, com ainda mais investimentos no turismo, porque nossa cidade depende disso. Mas como falei, Serra Negra não se restringe à loja de roupas, à Rua Coronel ou ao Teleférico, apenas. Há muito mais coisas para se fazer na cidade. É muito burocrático, por exemplo, conseguir instalar uma placa de indicação em um ponto estratégico do município, orientando que aqui existe uma rota turística, com passeios de quadriciclo, entre outras informações de interesse do turista”.
Como parte integrante da Rota Turística do Alto da Serra, o CR Rent Quadriciclos percebe que as mudanças já estão acontecendo, principalmente no entendimento dos serranos e de quem visita o município. Entretanto, outras ações precisam ser colocadas em prática para que o turismo local dê novos saltos de prosperidade, incluindo a união entre sítios de café, cachoeiras, lojas, restaurantes e pousadas: “Os empreendedores que fazem parte das Rotas Turísticas do município, como a do Alto da Serra, a do Café, e outras, se ajudam muito, e tem uma conversa fácil e franca. Porém, é mais difícil abrir diálogo com outros empresários e comerciantes da cidade. No início, quando nosso flyer de divulgação continha a propaganda dos chalés da Mini Fazendinha, era ainda mais complicado. Tentávamos, na época, deixar esse material informativo dos passeios de quadriciclo nos comércios do centro da cidade, mas era muito difícil aceitarem, o que gerava um desgaste até mesmo na relação, porque estávamos com o material pronto e não conseguíamos entregá-los nas lojas. Hoje em dia, sem a propaganda dos chalés, ficou um pouco mais fácil, e de tempos em tempos distribuímos no comércio local, mas ainda existem barreiras a serem vencidas”.
E como é rotineiro nessas conversas, a maior parte do público atendido pelo CR Rent Quadriciclos é residente de outros municípios paulistas, como São Paulo, Americana e Sumaré. E no trabalho de buscar atender ao público serrano, Larissa afirma que o melhor momento para é durante a semana, inclusive com uma redução nos valores, presente para quem lê ou ouve nossa série: ”É mais tranquilo. Agora, há quem prefira fazer o passeio em grupo. Mas independentemente se é individual, um casal ou um grupo de pessoas, pedimos que a reserva seja feita com antecedência de, no mínimo, 5 dias, principalmente se a intenção for fazer o trajeto no horário do pôr do sol, que se esgota com 3 dias de antecedência à data. O que acontece é que alguns serranos sabem que o passeio existe, mas deixam para fazê-lo em outro momento. Por isso, convidamos todos os serranos para virem conhecer e viver essa experiência. Alguns anos atrás, o Alto da Serra era um espaço abandonado, só havia mato por ali. E quem chegou com uma ideia muito bem intencionada foram os pilotos do Clube do Voo Livre Alto da Serra (CVLAS), que proporcionou uma enorme repaginada lá em cima, dando um up no turismo local. O pico da montanha ficou maravilhoso, mas o que ocorre é que, aos fins de semana, a cidade fica lotada de turistas, e para quem deseja apenas sair de casa para distrair e viver momentos mais tranquilos, não consegue. Por isso, recomendamos aos serranos que aproveitem para fazer o passeio de quadriciclo durante a semana, quando é possível aproveitar o pôr do sol da mesma forma, desfrutar da cachoeira, que é própria para banho, e de todo o passeio, com o mesmo atendimento de sempre. É só entrar em contato conosco que fazemos acontecer. E o convite também se estende a quem já conhece o Alto da Serra, a cachoeira e o bairro do Barrocão, porque fazer a viagem com o quadriciclo é diferente. Por isso, convidamos a todos os moradores de Serra Negra para virem conhecer nosso trabalho, e aproveitarem nossos descontos especiais para grupos serranos, aniversariantes e recém-casados.
A adrenalina provocada pelo passeio de aventura ainda está alta no corpo. A opção, para diminuir a tensão, é aproveitar a vista oferecida pela montanha. Mas como devemos seguir nossa caminhada, vamos andando, a pé, mesmo, porque logo ali, ao lado, existe um túnel do tempo. Escondida em uma rua de paralelepídedos localizada a poucos metros da base do CR Rent Quadriciclos está uma das partes mais nefastas da história mundial, com um pequeno capítulo de passagem em Serra Negra. Adentramos nas profundezas da história, na casa do nazista Gunther Schoüppe.
Série Serra Negra Para os Serranos:
Roteiro e apresentação: Ibraim Gustavo Santos
Realização: Jornal O Serrano e Rádio Serra Negra
Produção: Freestory